sábado, outubro 14, 2006

China, Socialismo e Consumo

Com a abertura e o crescimento da economia, tem surgido uma nova classe social, inusitada para uma China comunista: a dos milionários. De acordo com uma pesquisa da Cap Gemini/Merrill Lynch, o número de milionários (em dólares americanos) na China já somam mais 230 mil. A grande maioria destes novos ricos escolhem Shanghai para acumular suas riquezas e gastar seu dinheiro. E estes novos ricos são consumidores exigentes: segundo Yang Qingshan, secretário-geral da Associação Chinesa para Estratégias de Branding, mais e mais chineses tem feito investimentos em commodities de luxo, como automóveis, relógios, roupas finas, acessórios e cosméticos.

Atrás destes novos ricos, vem uma porção de novos negócios até bem pouco tempo atrás inimagináveis no "Império do Centro": a feira dos milionários -- evento organizado pela revista Millionaire pela primeira vez em 2001 em Amsterdam -- após passar por países como França, Bélgica e Holanda, será realizada pela primeira vez num país asiático este ano, em Shanghai. Seus organizadores esperam que 10.000 visitantes compareçam ao evento.

Apesar da infra-estrutura ainda incipiente, o comércio eletrônico floresce abastecido de tantos clientes abastados: o número de empreendimentos online na china já passa dos 20 milhões.

As marcas de luxo do mundo todo tem sido atraídas por estes novos clientes: Dior, após abrir várias lojas na China que faturam anuamente 11 milhões de yuans -- algo em torno de 1.3 milhão de dólares--, recentemente lançou um Centro Dior em Shanghai, o terceiro no mundo após Paris e Tokyo, esperando ultrapassar a marca dos 15 milhões de yuans de faturamento anual.

O mercado de automóveis de luxo foi o primeiro a perceber potencial do mercado, e há anos já colhe frutos do seus investimento na Ásia: 3 das 4 unidades mais caras de carros fabricados pela Bentley no ano passado, cada uma custando mais de 8 milhões de yuans -- algo em torno de 1.07 milhão de dólares, foram comprados por bilionários chineses; 15% da venda anual de limousines da Rolls-Royce tem na Ásia seus compradores.

Apesar desta explosão na demanda, o cidadão comum chinês ainda mantêm o dinheiro em baixo do colchão: a poupança interna da China ultrapassa os 9 trilhões de yuans -- um pouco mais de 1 trilhão de dólares, representando mais de 45% do PIB chinês. Como comparação, a poupança interna brasileira gira em torno de 25% do PIB. A taxa do consumo em relação ao produto interno bruto da China não passa dos 50%, muito abaixo dos 80% da média mundial.

Ainda assim, o Governo Central Chinês não quer que seus camaradas descuidem e acaba de sancionar um sistema de taxas sobre artigos que luxo, visando conter a extravagância e promover os valores socialistas.

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