quinta-feira, janeiro 18, 2007

{ d3sign@TivE } na ZeroHora

Nosso blog sobre Design, Tecnologia e Cultura na China foi matéria do caderno de tecnologia na ZeroHora, jornal de Porto Alegre. Confiram um trecho da matéria:

"Mesmo morando em um país conhecido pelos casos de censura à Internet, o designer pernambucano Itamar Medeiros, 32 anos, recorre à web para manter os amigos informados sobre o seu dia-a-dia na China. Desde julho de 2005 em Xangai, onde leciona comunicação visual no Raffles Design Institute da DongHua University, Medeiros mantém um blog (http://designative.blogspot.com) em conjunto com o designer carioca Bruno Porto, 35 anos, há quatro meses naquele país. O diário tem duas versões, em português e em inglês..."


A matéria na íntegra você lê na ZeroHora.

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segunda-feira, dezembro 04, 2006

O Designer e os Piratas

Slperman?
créditos: Bruno Porto
Lançada em 1934, a clássica tira em quadrinhos Terry e os Piratas do norteamericano Milton Caniff era ambientada nos mares da China e apresentavam as aventuras do pré-adolescente Terry Lee ao lado do seu tutor, o aventureiro inglês Pat Ryan, e seu criado chinês Connie, contra os piratas asiáticos. Nunca fui particularmente grande conhecedor destas histórias, mas além de admirador do desenho sensacional, sei que a tira influenciou, décadas depois, a criação de um dos personagens favoritos da minha geração, Jonny Quest. Presentes em todos os campos da ficção literária e artes visuais, os piratas foram os responsáveis diretos pela origem de um marco não só dos quadrinhos mas da comunicação visual neste segmento (o primeiro herói a ter um uniforme e um símbolo): o Fantasma, criado em 1936 por Lee Falk e Ray Moore.

Daí o título curioso deste artigo – a se desdobrar em breve – que aborda aspectos da pirataria chinesa. Para isso, peço que relevem, apenas por estes textos, a importante questão dos direitos autorais. Que atire a primeira pedra quem nunca usou software ou fontes que desrespeitavam (especialmente em termos de remuneração) os autores originais. O objetivo destas mal digitadas linhas – direto de Xangai, na China, onde pirataria é coisa séria (no sentido de “intensidade” não de “seriedade”) – não é moralizar ou desmoralizar coisa alguma, mas sim contar umas historinhas que, espero, promovam alguma reflexão quanto a responsabilidade dos designers.

Vê-se basicamente dois tipos de pirataria na China, e vou chamá-los de Cópia e Plágio. Por Plágio me refiro a utilização da criação/propriedade intelectual de terceiros de maneira… hmm… deturpada, e será tema do próximo artigo. Já a Cópia se refere a produção não autorizada de mercadorias cujos direitos autorais pertencem a terceiros. Estas possuem diversos níveis de acabamento, que vão dos excepcionalmente fiéis aos mais toscos. Itens extremamente bem acabados – como camisas Hugo Boss e alguns calçados Nike – sugerem uma superfaturação nas cotas de manufatura das fábricas chinesas onde estes produtos são atualmente produzidos, já prevendo esta finalidade de desvio. Mas é nas coisas com acabamento (de produção ou de design) sofrível, que surgem outras questões – e momentos impagáveis. Foi justamente neste formato que primeiro tomei contato com a pirataria chinesa logo na minha segunda semana aqui. O primeiro bucaneiro a gente nunca esquece.

Aproximadamente um mês antes do filme de ação “Serpentes a bordo” / “Snakes on a plane” chegar as telas brasileiras, já era possível comprar seu dvd dos ambulantes e locadoras de Xangai pelo equivalente a R$1,75. “Locadoras” na verdade é um eufemismo cunhado pelos brasileiros da área, já que não é necessário ter ficha de sócio ou mesmo devolver o filme que você leva para casa. A capa, luxuosamente impressa com relevo seco no título, está em alemão (Wir wünschen ihnen einen angeehmen flug Snakes on a plane), a lombada em chinês e o verso, com a descrição do filme e os indefectíveis elogios de jornais e revistas, em inglês: “Big oil means big money. Very big money. And that fact unleashes corruption that stretches from Houston to Washington to the Mideast. George Clooney (Academy Award and Golden Globe Winner as Best Supporting Actor), Matt Damon and Jeffrey Wright lead a stellar cast in a thriller written and directed by Traffic Academy Award Winner Stephen Gaghan” e assim prossegue. Apesar da cara raivosa do protagonista Samuel Jackson estampada, o texto é sobre outro filme, Syriana, com Clooney, Damon etc. E apesar do disco ter a mesma imagem (alemã) da capa em perfeita policromia, foi filmado direto do cinema (as silhuetas passando na frente da imagem se encarregam de deixar isto bem claro) e legendado com criativa liberdade quanto ao enredo por alguém com um nível lá não miuito avançado de inglês. E quando, nos créditos finais, se cruza com uma referência a um ski/snowboard instructor (em um filme que se passa dentro de um avião e que em nenhum momento mostra uma cena de neve) percebe-se que nem isso é verdadeiro!

Em seu livro China Inc., o jornalista norte-americano Ted C. Fishman lembra que “os regimes severos de propriedade intelectual são invenção relativamente recente e existem (…) no interesse de proporcionar um ambiente que crie mais opções para os consumidores, e nos fim das contas para o crescimento econômico.” É o caso aqui, onde a indústria da falsificação cria milhões de empregos em produção e comercialização, e que proporcionam ao povo chinês bens a um custo mais baixo – e não estou me referindo aí a carteiras Louis Vuitton, mas a livros escolares, roupas e mesmo alguns equipamentos médicos, além da, como Fishman cita, “(…) tecnologia estrangeira de que a China muito precisa para atingir seus objetivos industriais.”

Que é justamente onde podemos encontrar um paralelo verde amarelo – inclusive com a nossa área. Nas duas últimas décadas o desenvolvimento do mercado (e mesmo em termos de linguagem) do design brasileiro só foi/é possível graças a existência dos softwares piratas, que permitem que estudantes e profissionais exerçam suas atividades de estudo, pesquisa e trabalho a um custo real. Aos preços oficiais impostos pelas companhias, isto seria impossível. As companhias de software apresentam números assustadores quando falam das perdas, mas pela lógica chino-brazuca que Fishman apresenta, “quem poderia ser prejudicado se o software é pirateado por pessoas que de outra forma nunca o comprariam?”

Peraí, eu prometi que não íamos falar disso de maneira tão crítica, não? Fechando com uma amenidade: uma semana após a estréia em Londres do novo James Bond, Casino Royale, o dvd com o filme já podia ser encontrado aqui. Mas esse eu não cheguei a ver por que as donas da minha “locadora” não me deixaram levar – aparentemente, a qualidade era muito ruim até para os padrões locais: pelo que entendi, tinha sido filmado do cinema com um celular Nokia. Não duvido nada.

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terça-feira, novembro 14, 2006

e-Commerce na China: números e tendências para 2006

China pode tornar-se o maior mercado online do mundo nos próximos 2 anos: o número de chineses plugados na Internet já passa dos 123 millhões e a quantidade de pessoas usando banda larga subiu para 45.3% durante a primeira metade deste ano, chegando a 77 milhões. Estudos mostram que um típico internauta chinês costuma passar 17.9 horas por mês (36 minutos por dia) envolvido em atividades online, seja bate-papo, blogando, jogando, ou comprando.

Investidores estrangeiros que quiserem abocanhar parte deste mercado vão ter que aprender a língua: 85% dos internautas chineses gastam seus tempo visitando sites com conteúdo em Mandarim. "A indústria da Internet é profundamente atrelada a conteúdo", diz o Professor Guo Liang, da Academia de Ciências Socials da China em Beijing, que recentement produziu o 18˚ relatório estatístico do desenvolvimento da Internet na China.

Olhando os números com calma, verifica-se que o e-Commerce tem demorado a se desenvolver na China por diversas razões, como a pouca penetração dos cartões de crédito, a desconfiaça do consumidor chinês, bem como a fraca infraestrutura logística e poucos canais de distribuição. Ávidas por fazer parte da revolução de consumo chinesa, empresas tanto estrangeiras quanto da China -- como China Mobile, DHL e UPS -- tem feito investimentos de tempo e dinheiro para enfrentar as dificuldades.

Tais esfoços tem dado retorno: consumidores chineses agora visitam em enxurrada sites de compra, como o da Joyo -- subsidiária chinesa da Amazon.com -- e seu concorrente Danddang, que recentente conseguiu captar 30 milhões de dólares de um fundo de investimento. Joyo -- assim como outros sites de compras -- tem expandido seus serviços, passando da venda de livros para eletrônicos e outros produtos, aumentando o número de produtos ofertados de 45.000 para 450.000 em apenas dois anos.

O crescimento da Joyo reflete o potencial de crescimento do e-commerce na China. Estima-se que mais de 2 milhões de chineses compraram produtos ou serviços online em 2001. Já em 2006, o número de chineses fazendo pedidos online deve passar de 20 milhões, segundo estimativas do China Market Research Group CMR. Este ano, espera-se que 2 de cada 3 chineses façam compras online, com livros e equipamento de informática como itens mais populares.

Outras estatísticas indicam crescimento em todas as áreas do e-commerce: em 2004, todo o mercado de leilões online da China girava em torno de 561 milhões de dólares; este número cresceu 200%, chegando a 1.7 bilhão de dólares em 2005, dos quais Taobao posiciona-se como um dos principais atores do mercado. Segundo o CEO do Alibaba.com, Jack Ma, Taobao vai em breve dominar o mercado de leilões online, batendo de frente contra o eBay.

Se tais tendências de crescimento continuarem, o volume de transações online na China deve chegar a 1 trilhão de iuanes (algo em torno de 89 bilhões de dólares), uma forte subida em relação aos 700 bilhões de iuanes do ano passado. "Podemos finalmente falar em explosão do e-commerce na China", diz Chi Congbing, analista do CCID Consulting.

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terça-feira, outubro 17, 2006

Números da Internet na China: Online Gaming

De acordo com o China Internet Network Information Center, a população de usuários de Internet na China ultrapassou os 123 milhões no final do junho -- 63% destes tem acesso via banda-larga. Mais de 20 milhões de chineses costumam jogar online, e o comércio eletrônico via Internet aumentou 50% em relação ao ano passado.

Estimativas indicam que o faturamento da indústria de jogos online deve chegar a US$1.3 bilhão em 2009, representando um crescimento anual de 35%, segundo o IDC. Tal crescimento termina por beneficiar outros setores: jogos online geraram um incremento de 17.3 bilhões de iuanes (2.14 Bilhões de dólares) para indústria de telecomunicações, 7.1 bilhões de iuanes (887.5 milhões de dólares) para a indústria de Tecnologia da Informação, e 30 milhões de iuanes (3.7 milhões de dólares) para o mercado de publicações.

Diferentemente dos consumidores americanos -- que constumam pagar US$ 50 por um jogo -- jogadores na China, onde a pirataria ainda é norma, não estão dispostos a pagar muito pelos jogos. Sendo assim, desenvolvedores de jogos tem sido forçados a usar de muita criatividade para descobrir novas formas de faturar: segundo, Bill Bishop, CEO da empresa de desenvolvimento de Jogos Red Mushroom Studios, uma das áreas de faturamento da indústria que mais cresce na China é a da venda de equipamento virtual para personagens de jogos.

A sub-cultura de jogos online tem criado até novas profissões na China: em cidades como Liaozhong, coletar objetos virtuais para posterior revenda tem se tornado uma fonte de renda para muitos jovens. Estimativas conservadoras admitem que estes chamados gold-farmers movimentam clandestinamente um indústria de 200 milhões de dólares anuais.

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segunda-feira, outubro 16, 2006

Chinese e seus celulares: SMS

Os são onipresentes por toda China... nada de incomum (mas, às vezes, portados em situações até inusitadas)... os números, por outro lado, são astrônomicos: até 1997 existiam apenas 10 milhões de assinantes de telefonia celular... hoje são mais de 400 milhões. Mais impressionante ainda é o número de mensagens (SMS): só nos primeiros 10 meses de 2005 foram mais de 260 bilhões. As mensagens curtas são tão populares que sua demanda gerou um infinidade de negócios baseados em sistemas automáticos que respondem a mensagens enviadas por usuários via SMS: pode-se consultar listas telefônicas via SMS, fazer reservas em restaurantes por SMS e tantos outros.

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sábado, outubro 14, 2006

Vende-se o que se possa imaginar... mas não ligue agora!

Numa combinação de mão de obra barata e componentes eletrônicos à preço de banana, vemos na foto uma versão turbinada dos "homens-sanduíche": em pleno o XuJiaHui, o centro comercial mais movimentado de Shanghai, é muito comum vermos uns rapazes carregando nas costas uma maleta (provavelmente com um notebook dentro), acoplada a um monitor LCD de 17 pol... no monitor são exibidas "campanhas interativas"... alguns comercias de TV tradicionais, ou animações em Flash (que fazem muito sucesso por aqui!).

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China, Socialismo e Consumo

Com a abertura e o crescimento da economia, tem surgido uma nova classe social, inusitada para uma China comunista: a dos milionários. De acordo com uma pesquisa da Cap Gemini/Merrill Lynch, o número de milionários (em dólares americanos) na China já somam mais 230 mil. A grande maioria destes novos ricos escolhem Shanghai para acumular suas riquezas e gastar seu dinheiro. E estes novos ricos são consumidores exigentes: segundo Yang Qingshan, secretário-geral da Associação Chinesa para Estratégias de Branding, mais e mais chineses tem feito investimentos em commodities de luxo, como automóveis, relógios, roupas finas, acessórios e cosméticos.

Atrás destes novos ricos, vem uma porção de novos negócios até bem pouco tempo atrás inimagináveis no "Império do Centro": a feira dos milionários -- evento organizado pela revista Millionaire pela primeira vez em 2001 em Amsterdam -- após passar por países como França, Bélgica e Holanda, será realizada pela primeira vez num país asiático este ano, em Shanghai. Seus organizadores esperam que 10.000 visitantes compareçam ao evento.

Apesar da infra-estrutura ainda incipiente, o comércio eletrônico floresce abastecido de tantos clientes abastados: o número de empreendimentos online na china já passa dos 20 milhões.

As marcas de luxo do mundo todo tem sido atraídas por estes novos clientes: Dior, após abrir várias lojas na China que faturam anuamente 11 milhões de yuans -- algo em torno de 1.3 milhão de dólares--, recentemente lançou um Centro Dior em Shanghai, o terceiro no mundo após Paris e Tokyo, esperando ultrapassar a marca dos 15 milhões de yuans de faturamento anual.

O mercado de automóveis de luxo foi o primeiro a perceber potencial do mercado, e há anos já colhe frutos do seus investimento na Ásia: 3 das 4 unidades mais caras de carros fabricados pela Bentley no ano passado, cada uma custando mais de 8 milhões de yuans -- algo em torno de 1.07 milhão de dólares, foram comprados por bilionários chineses; 15% da venda anual de limousines da Rolls-Royce tem na Ásia seus compradores.

Apesar desta explosão na demanda, o cidadão comum chinês ainda mantêm o dinheiro em baixo do colchão: a poupança interna da China ultrapassa os 9 trilhões de yuans -- um pouco mais de 1 trilhão de dólares, representando mais de 45% do PIB chinês. Como comparação, a poupança interna brasileira gira em torno de 25% do PIB. A taxa do consumo em relação ao produto interno bruto da China não passa dos 50%, muito abaixo dos 80% da média mundial.

Ainda assim, o Governo Central Chinês não quer que seus camaradas descuidem e acaba de sancionar um sistema de taxas sobre artigos que luxo, visando conter a extravagância e promover os valores socialistas.

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